Mac Lanche Infeliz

Logo na entrada, um palhaço, amarelo e vermelho, te espera. Um palhaço esperando outro.

Você entra na fila, que já está daquele jeito, e logo atrás entram todas as grávidas da cidade. Todas as mães, do estado, com bebê no colo. Todos os deficientes do país. E, todos os idosos do mundo.

É lei. A preferência é deles. A sua, é desaparecer. Sumir. Mas a culpa não é da lei. É da operadora de caixa que chegou ontem e está em período de treinamento.

Ela digita um pedido errado e a máquina trava. É aí que aparece a instrutora. Mais grossa que mão de mecânico. Esculacha a menina, passa um cartão e libera o caixa.

A fila anda, mas, o azar te seleciona.

Lá na frente confusão. A mãe compra o lanche que dá direito a um brinquedo. É lógico que a criança escolhe aquele que não está disponível. Ela não aceita outro. O moleque faz aquela pirraça mais irritante que o próprio nome: Pedro Rodolpho. Com ‘ph’. E a mãe pronuncia bem alto com todas as letras, para não ter dúvida.

A sua fila anda. A do lado corre.

Quando você é atendido, já está da cor do palhaço: amarelo e vermelho. Amarelo de fome e vermelho de raiva. Mas o drama não termina. Você está frente a frente com a menina do caixa. Ela vira e diz com sotaque de paulista de Jundiaí gripada:

“Cual será o pedido, senhoiiiirrr?”

Resposta que a gente pensa, mas não diz:

“Que você vá desentupir o nariz e fale direito...”

Depois de escolher a promoção, ela pergunta:

“Mais cincueeenta ceeiiintavos você aumeeeiiiinta a batata, senhoiiiirrr...”

Outra resposta mental:

“Com mais cinqüenta centavos eu compro um vidro de Sorine para desentupir essa merda de nariz, caralho!”

Mas, você não diz nada. Recusa a proposta, paga, pega a bandeja, vai para a mesinha, senta, faz o lanche e a gastrite ataca. PQP!